22/10/2011

O monstro (?) da avaliação...



O ensino deveria focar-se e investir na aprendizagem e não na avaliação...transformar a educação no monstro da avaliação trará cada vez mais tecnocratas, que tendo decorado formulas e definições sem as compreender, transformará pessoas em números sem qualquer noção dos limites do humanismo e da vida. E é isto que temos assistido no nosso dia-a-dia, algo que vai assumindo cada vez mais um papel de destaque nas nossas vidas. Amiúde vezes os professores usam frases como, "se não se calam fazem já um teste" ou "não se esqueçam que esta matéria é para avaliação"… esta matéria é para avaliação...avaliação...avaliação.
E porque motivo não é para aprender, não é para compreender, não é para saber utilizar no quotidiano? É para avaliação... Mas, ou muito me engano, ou a avaliação está para o aluno, como a noite está para o dia?!?! É que as crianças estão prontas e nascem predispostas é para aprender, para descobrir, sendo que a avaliação deveria ser um detalhe formativo em todo o processo...E ainda menos preparadas se encontram, para que transformemos essa avaliação numa "vara", com que lhes "batemos" quando se portam mal, quando não estudam (ou sequer sabem estudar), quando não têm métodos de trabalho, esquecendo que estes dois últimos itens também são responsabilidade da família e não somente da criança. Como qualquer criança de todos os tempos, esta pretende observar e compreender o mundo que a rodeia pela forma que a natureza lhe deu, explorando. E não poderá a criança aprender manipulando de facto o mundo em seu redor, "brincando" com este, fazendo experiências, errando e tendo a oportunidade de errar sem ninguém a condenar o erro, com uma classificação menos favorável e castradora? Teremos assim tanta certeza que a avaliação, no modo instituído e formal como a temos feito, é garante de aprendizagens significativas e duradouras? Ou estaremos a perpetuar o conhecimento efémero do "decora para o teste e deita fora" (que tantas vezes condenamos)? Estaremos assim tão satisfeitos com a literacia funcional(???) que lhes concedemos para enfrentar um futuro cada vez mais incerto e exigente? Estarão os alunos preparados para algo mais do que resolver exames???
Quando terá deixado a avaliação de ser uma ferramenta para o professor procurar conhecer onde deve investir mais o seu tempo, onde deve procurar novas estratégias, onde deve reconsiderar a utilidade de determinados conteúdos, para o fardo, a cruz, a (de)pressão continuada no aluno que, além das dezenas de regras novas, ideias novas, conhecimentos novos, tem ainda de os debitar em folhas extensas de testes e exames? Onde observamos, potenciamos e avaliamos afinal o currículo oculto do aluno? As suas reais capacidades transversais, a sua criatividade, que os tornam únicos no planeta? Não servem para a avaliação? Como não servem, se no seu futuro serão mais-valias - talvez das mais importantes, quanto mais ricas forem - para a vida na sociedade atual e no futuro? 
Acreditamos numa sociedade que deve exigir melhorias gerais nas aprendizagens dos seus elementos, mas, como membros a tempo inteiro, pais, família, profissionais, esquecemos que ainda somos nós próprios os grandes responsáveis pela boa ou má formação do nosso futuro... quer por exigir que a avaliação seja cada vez mais o centro do ensino, que há muito se fundamentou ser poucas vezes significado de aprendizagem - salvo nas poucas exceções dos tão falados alunos à prova de professores - quer por descredibilizar as possibilidades infinitas da descoberta que os alunos podem fazer e desenvolver em todas as áreas do conhecimento. Por outro lado hipervalorizam-se áreas, que a cada dia que passa estão mais tecnocratizadas, "laboratorizadas", expondo o pior de si aos alunos, como que para os castigar se forem menos trabalhadores. 
Todos sabemos, por exemplo, que a Matemática e a Língua Portuguesa requerem um esforço cada vez mais acrescido do aluno ao longo da escolaridade. Ambas são uma linguagem, ambas têm regras e símbolos complexos que devem ser iniciados pela consciência do prazer que é descobrir símbolos, qual explorador em terras longínquas, o sonho, o imaginário... ("quando o Homem sonha, o mundo pula e avança...") 
Mas alguém "ensinou" às crianças o gozo que é aprender estas linguagens? Alguém ensinou às crianças o giro que é aprender e saber cada vez mais? Ou simplesmente lhes incutiu o medo de serem avaliadas e terem um "Não Satisfaz" pelo qual serão severamente penalizados pelos pais e no futuro por uma sociedade, pobre, como a temos visto? Será que a escola será somente sinónimo maior de sangue, suor e lágrimas e todo o riso da criança se perca nas linhas escritas de um teste?

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