22/04/2016

Viva a Liberdade...

Quarenta e dois anos volvidos e a liberdade de expressão só se limita à liberdade de falar, pois, quando toca a denunciar e discutir as injustiças, fraudes, atentados à moral e dignidade humanas, sobretudo quando promovidas pelas entidades soberanas, vemos a liberdade de expressão perdida no anonimato ou deturpadas por vis manipulações de opiniões e vontades.

Mais de quatro décadas volvidas e julgamos que a liberdade de expressão nos dá direito de fazer uso da palavra com quaisquer fins, sejam eles de elevada moralidade, seja para enganar, escarnecer, ofender e denegrir a imagem de terceiros.

Infelizmente, ainda se julga que liberdade nos concede o direito a fazer tudo o quanto se pretenda, mesmo quando interfira com a liberdade moral, cívica ou de direito. Ainda vemos, com demasiada leviandade de ideologias fracassadas, a tutela a usar e abusar deste direito, ganho a sangue e suor, sendo demasiadas vezes a primeira a cometer as maiores atrocidades. 

Mais de quarenta anos e um governo ideológico, a cheirar a mofo, faz da liberdade de escolha, uma moeda de troca, suja, usando argumentos vazios de fundamento, vazios de valores humanos, vazios de intenções válidas. Cede a lobbies, cede aos carniceiros sindicais, que nada mais pretendem do que desestabilizar relações e acordos, somente para justificar a sua parasita existência.


Tanto se passou desde a revolução de Abril e, parece-me, a maior lição que daí devemos retirar é que ainda se encontra bem longe de ter sido concluída. Se não cultivarmos a liberdade, a verdadeira, educando e ajudando os nossos jovens a desenvolver um sentido crítico, cívico e moral, apontando para todo um futuro incerto, mas cheio de novos desafios, continuaremos nesta "liberdade de recreio", camuflada pelas letras dos mais fanáticos defensores de regimes nada interessados no Homem. Rapidamente voltaremos a novas formas ditatoriais.

Pensar em Abril é abrir a mente e olhar bem mais longe que musicas revolucionárias e camaradas (demasiadas vezes sem qualquer sentido critico ou capacidade individual de produzir opinião isenta de ideologias obsoletas), em lutas por melhores condições da vida social salutar e evolutiva. É pensar na evolução que cada indivíduo deve efectuar em si e para com o bem de todo um país, para vingar o futuro. É reflectir sobre cada minuto, cada dia e cada obrigação para com a existência de uma sociedade. É reflectir sobre cada acto, prevendo cada consequência no futuro. É voar mais alto sim, mas com a consciência que só voaremos agarrados uns aos outros, em cooperação e nunca deixando ninguém para trás.

Viva a liberdade, sim! Mas morra a ideia bacoca e ultrapassada de um 25 de abril bolorento e cheio de mofo de quem só debita conversa em nada útil para o melhor desenvolvimento de Portugal.

10/01/2016

Imagens estivais

O vento rodopia as folhas
que caiem sem destino marcado.
Nuvens onduladas, rejubilam, quentes,
numa tarde final de verão.

Gaivotas que rodopiam pela areia,
prenúncio de terra molhada…
Marulham em coro, que morre e sufoca,
no fundo horizonte.

A espaços, de um tempo lento,
assobia uma sereia, e vemos rastos brancos nas ondas
- Bravos do mar que regressam
a lides noturnas de quem nunca esquece.

O vento? Esse regressa e,
com força,
leva a imagem para o outro lado do mar…