13/02/2009

conversas de email...


(...)
acerca da capacidade que a Natureza têm em mostrar equilíbrio nas suas manifestações e nos seus múltiplos sentidos...

Quando é que vamos aprender com a Natureza, afinal?

resposta:

pergunta difícil!!!
quando deixarmos de ter necessidade de poder?

pergunta:

Bela resposta...mas ajuda-me a levantar outra pergunta: até que ponto o poder nos ajuda a perceber as nossas limitações?

resposta:

Quando o poder não é proporcional às nossas capacidades, não ajuda... pelo contrário cega-nos pelo orgulho dele; por outro lado, também nos pode atrofiar, pelo peso que não conseguimos carregar... É deste poder que a maioria das pessoas vive. É por este poder que a maioria das pessoas luta. É este poder que nos torna irracionais, angustiados, infelizes e sem a capacidade de discernir acerca do essencial e do acessório.

Quando o poder corresponde Às competências que temos e se os valores que nos orientam estiverem relacionados com o bem comum e com alguma capacidade de antever ( o que exige já algum auto conhecimento (será?)), ai à partida o poder que é consequência do conhecimento das nossas limitações (pois só assim faremos bom uso dele) pode ajudar-nos a compreender as dos nossos semelhantes e a orientar-nos na tomada de decisões que impelirão seres humanos a ser menos animais que os animais.

Quando é que o poder nos ajuda a perceber as nossas limitações? Quando o temos ou estamos na eminência de o ter e contudo, sabemos não SER ou (estar capacitados) para corresponder àquilo que julgamos serem as expectativas que têm (aqui entra a questão da verdade e da verdade da verdade) para o nosso papel de poder.
Se tivermos a capacidade de auto-reflexão (na forma mais pura que ele possa existir - indo à essência do que nos julgamos ser), o poder (na medida em que nos possibilita a experiência (uma, seja ela qual for), dá-nos a possibilidade de nos reconhecermos (ou não), logo de compreendermos as nossas limitações.
Mas como esta característica de auto-análise (sem medo do que se encontra) não é comum a muitos humanos ou pelo menos não é comum à maioria, também o poder não dá a possibilidade de conhecer as limitações à minoria dos humanos que o têm.

resposta:

Sim... Então deixa-me contribuir para a tua ideia com algumas das minhas divagações…

Começo por dar aquilo que, depois de muito pensar, começo a definir como “poder”. Poder será pois a compreensão e conhecimento da perfeição. Perfeição que a maioria dirá ser utópico…mas será que é utópico? A nossa forma actual de ver o mundo e os sistemas, na grande generalidade, é observar os seus produtos finais sendo o “processo” ainda “marginalizado”.
Será que no processo não se encerra o segredo da perfeição? É que ao observarmos todo o processo de um sistema, por mais pequeno que seja, temos de ter em conta as suas perdas, que são simples buscas do equilíbrio para o sistema ser funcional e progredir.

Mas voltando ao poder, que nos trouxe aqui. Compreender e conhecer todo o processo de um sistema significa deter um grande poder, o poder de contemplar e aprender, sabendo que mesmo os erros fazem parte da perfeição; não fosse o construtivismo basear-se também na auto-construção, que implica sempre a tentativa e o erro aprendendo com estes últimos…
Posso dizer então, que por conhecer como funciona o meu corpo, na perfeição (apesar de ser uma procura constante), detenho um tremendo poder sobre mim mesmo, que de forma adequada podemos expandir ao "estar com os outros". Sei as minhas limitações, ou melhor, sei como tentar superá-las, e sei como tentar relacionar-me no meio onde me encontro. E este tentar, é a busca do tal poder, que de uma forma ou de outra já verificámos que é tão “simples” como “o” conhecimento.

Ampliando o conceito de poder…até onde pode ir este poder afinal? O infinito matemático é um limite imposto pela Natureza, e talvez aqui se compreenda que a detenção total do poder para nós, pequenos elementos de um pequeno microcosmos, esteja longe de ser alcançado. Mas não deixa de significar que todos os campos de actividade da existência, não sejamos prepotentes de achar que somos só nós seres humanos a existir, detêm poder.

Agora existe uma outra face do poder. O “como usá-lo?”

Como vimos anteriormente, a procura incessante do conhecimento e da compreensão de tudo o que nos rodeia é de um poder ilimitado. Sabemos que a obtenção desse poder ou dessa capacidade de busca, relativiza o poder individual dos seres humanos. Esta busca é como procurar o ar sem o podermos ver…sabemos que existe, mas os nossos sentidos, de forma perfeita, obrigaram-nos a não conseguir vê-lo para desenvolvermos outra ferramenta, o cérebro, para o conseguir conhecer e compreender. Obtivemos então mais uma “fatia” de poder…

Mas e aquele “poder” que “manda” em nós e nos obriga sob coação? Ora bem, desde sempre que o desconhecimento era uma vantagem de subjugação para quem não o tinha ou ainda andava na sua demanda. Ou até mais “longe” ainda, quem consegue e conhece os melhores lugares de “alimentação” não revelando essa informação, na tentativa de prevalecer, tentará ter vantagem sobre terceiros, esquecendo-se que uma possível cooperação e conjugação de esforços possa gerar mais valias…
Torna-se assim fácil perceber, que com a relatividade de tempo e espaço definido por Einstein, estas questões de subjugação ainda estão a acontecer e afinal aconteceram há um “segundo” atrás e provavelmente continuaram a acontecer…

Apesar de tudo, também sabemos que o dito “poder” subjugante, que afinal é uma deturpação do verdadeiro poder, o conhecimento, não passa de uma farsa que controla maiorias. Mas, com o aumentar de conhecedores e “buscadores” de verdadeiro poder, estes “subjugadores” tiveram de amenizar as coisas, deixando que os “buscadores” criassem regras e ordem para que pudessem continuar nas suas buscas e não confrontassem os seus “subjugadores”; dessa forma os “subjugadores” ficam mais libertos para usarem a deturpação do verdadeiro poder, continuando a usufruir de “coisas”… coisas, que não são mais do que o produto dos sistemas que, como vimos no início, eram o motivo de chamarmos de utopia á perfeição. Ou seja, o “subjugadores” são menos poderosos do que aquilo que imaginam, pois continuam em busca de produtos, quando os verdadeiros poderosos, os “buscadores”, procuram o processo e dentro dele contemplando mesmo a perfeição da imperfeição (o ser humano liberta o que o intoxica, não por imperfeição…).

Resta afinal definir quem são os “buscadores” e quem são os “subjugadores”…

No meu ponto de vista, os maiores “buscadores” que podemos encaixar nestas ideias são as crianças e quem com elas pretende perceber e conhecer, poder conhecer, poder contemplar, poder como um todo. E os “subjugadores” são todos os que de alguma forma passaram para o lado de buscar produtos e não processos. São os adultos que deixaram de acreditar no processo, são as instituições que, com motivos enviesados e sem querer compreender e conhecer mais, preferem ditar caminhos a todos os que perderam a vontade intrínseca da criança buscadora de poder. É uma sociedade que, de forma inconsequente, chama de utópico à perfeição, à realidade de todos determos o poder.

Isso é muito bonito num mundo de utopia dirá a maioria…lá está, os tais “subjugadores” não querem permitir que se volte a sonhar e se procure o real poder, que se volte a ser criança.

resposta:

Não será o produto importante, quando revela a qualidade do processo, como ponto de partida, indutor de novos processos? Aqueles onde vai residindo a proximidade da perfeição?

a construção do conhecimento tem muito de procura da identidade pessoal e do mundo! é na procura, no questionamento sincero com disponibilidade para o encontro da resposta, que não é apenas a que corresponde aos Pré - Conceitos, que nos poderemos aproximar da perfeição...se é que isto tem de ser um objectivo último...não sei o que seria se a alcançássemos e tivéssemos essa consciência...

Anaxágoras: - "O homem é a medida das coisas". O mundo, só o compreendemos, só o podemos representar, humanamente. Dentro do erro subjectivista, esconde-se uma verdade: no mistério do eu centralizam-se todos os mistérios e sem um esforço de compreensão do nosso mundo interior, vã é toda a tentativa de explicação total da realidade"...parece-me que este pensamento se pode relacionar com os "subjugadores". Estes têm o poder camaleão, o poder que mascara o desconhecimento e a falta de vontade para tal do mistério do eu. Quando não se tem este conhecimento, o caminho mais fácil (e viciante) não será o domínio do outro?

Seremos bons coordenadores/líderes/capitães (faremos bom exercício do poder) quando conhecermos a realidade sobre a qual detemos a função. De acordo com Anaxágoras, tal conhecimento fica limitado aos limites do poderoso (que se revela pseudo). A meu ver tal acontece quando poder é causa DA vida e não consequência NA vida. Sim, é nisto em que acredito.

Ter poder é bom para os outros, para o mundo (vivo e não vivo, se é que este último existe) quando tal resulta de uma intensa vida humilde, com a consciência, ou pelo menos incessante busca dela, que o que somos é também produto do que vimos - com a subjectividade dos nossos sentidos - com erros e arrependimentos, pedidos de desculpa, inquietações, sonhos re-sonhados e projectos utópicos vistos de forma positiva - que ainda não foram realizados - sobre os quais se fará o caminho, tentando-nos à vivência do processo, que temos associado à perfeição.

mais perguntas levantadas para quem quiser fazer conversa de email/blog...procuram-se buscadores de respostas com tempo disponível para pensar e dele tirar gozo e proveito...


este tópico, por motivos óbvios, estará em constante modificação e sempre que os autores acharem pertinente...ou interessante.
Isto de procurar a perfeição tem muito que se lhe diga :)

(Lestat e Elsa)

12/02/2009

Para pensar...se não doer muito!

"Logo que, numa inovação, nos mostram alguma coisa de antigo, ficamos sossegados."

Friedrich Nietzsche


empreender mudanças sem manter "pontes" com o que esteve predisposto, tem muito que se lhe diga. No entanto, levar essa necessidade a transformar-se em aversão à mudança...

03/02/2009

um mundo cada vez mais "pobre"...




"Hans Beck, o criador dos Playmobil, morreu na sexta-feira aos 79 anos, (...)." in Público

Se há brinquedo que tenho a certeza me ajudou a crescer e ser quem sou, é este.
A par com a LEGO, a PLAYMOBIL ajudou-me a criar imaginários, a desenvolver mundos e a criar personagens que em mim se foram recriando e mais tarde transformando em perfil psicológico...longe de mim tentar imaginar a minha infância sem a presença de tão fantásticos companheiros de aventuras. Mais longe vou...até que ponto este tipo de brinquedos e outros semelhantes fazem tanta falta a uma sociedade pobre (podre) em valores? Quem sabe um dia, tenhamos algum discernimento para reflectir sobre estas questões, com uma vontade real para tentar mudar algumas "coisitas", fundamentais...enfim!
Pena tenho, que aos pequenitos de hoje, a esmagadora maioria dos pais não dê a oportunidade de experimentarem a alegria de brincar e criar com este tipo de brinquedos...sim são brinquedos, e que belos são! Hans Beck, obrigado por toda a tua genialidade. A criança que ainda há em mim, deve-se também a ti e a tudo o que criaste...

Decididamente o mundo está mais "pobre"...é que nem só de dinheiro vive uma sociedade!