11/07/2013

retratos escritos

são precisamente os desconhecidos que nos fazem sentir bem!
esses e as chuvas fora de tempo, quentes, que nos lavam a alma,
nos seduzem os sonhos.
tenho um bloco! onde me escrevo, descrevo, ganho vida.
passa despercebido a toda a gente. nele procuro retratos escritos
da alma, daqueles que amo, daqueles que comigo vão partilhando
trilhos, ideias, coincidências, pormenores e detalhes. daqueles que
procuramos no espelho todos os dias de manhã.
houve tempos em que letras eram números e desses nasciam palavras,
soltas que se quebram pela fragilidade de si sós. o retrato escrito de nós
e de vós, faz a realidade de um mundo criado por sonhos de deleite, acordados.
não gosto de rotinas, tenho algumas...paradoxal...mas nem eu compreendo...
talvez seja caso para não compreender. mas são rotinas soltas, dispersas, que
dentro de si ambicionam não ser iguais à anterior.
procuro no tempo, que me faz, onde não foi assim. sim, porque longe no tempo,
por vezes é perto no espaço...e o bloco recua e avança ao contrário do ponteiro
do relógio, mas sem lhe perder o tempo.
nos ventos que nunca se repetem na face, vislumbro esse saltar de palavras,
imagens, cheiros e sons, que desalinhados nos levam nesta e noutras existências
que coabitam um corpo que nada mais carrega, que o livro dos dias...