O ensino
deveria focar-se e investir na aprendizagem e não na avaliação...transformar a
educação no monstro da avaliação trará cada vez mais tecnocratas, que tendo
decorado formulas e definições sem as compreender, transformará pessoas em
números sem qualquer noção dos limites do humanismo e da vida. E é isto que
temos assistido no nosso dia-a-dia, algo que vai assumindo cada vez mais um
papel de destaque nas nossas vidas. Amiúde vezes os professores usam
frases como, "se não se calam fazem já um teste" ou "não se
esqueçam que esta matéria é para avaliação"… esta matéria é para
avaliação...avaliação...avaliação.
E porque
motivo não é para aprender, não é para compreender, não é para saber utilizar
no quotidiano? É para avaliação... Mas, ou muito me engano, ou a avaliação está
para o aluno, como a noite está para o dia?!?! É que as crianças estão prontas
e nascem predispostas é para aprender, para descobrir, sendo que a avaliação
deveria ser um detalhe formativo em todo o processo...E ainda menos preparadas
se encontram, para que transformemos essa avaliação numa "vara", com
que lhes "batemos" quando se portam mal, quando não estudam (ou
sequer sabem estudar), quando não têm métodos de trabalho, esquecendo que estes
dois últimos itens também são responsabilidade da família e não somente da
criança. Como qualquer criança de todos os tempos, esta pretende observar e compreender
o mundo que a rodeia pela forma que a natureza lhe deu, explorando. E não
poderá a criança aprender manipulando de facto o mundo em seu redor,
"brincando" com este, fazendo experiências, errando e tendo a
oportunidade de errar sem ninguém a condenar o erro, com uma classificação
menos favorável e castradora? Teremos assim tanta certeza que a avaliação,
no modo instituído e formal como a temos feito, é garante de aprendizagens
significativas e duradouras? Ou estaremos a perpetuar o conhecimento efémero do
"decora para o teste e deita fora" (que tantas vezes condenamos)?
Estaremos assim tão satisfeitos com a literacia funcional(???) que lhes
concedemos para enfrentar um futuro cada vez mais incerto e exigente? Estarão
os alunos preparados para algo mais do que resolver exames???
Quando terá
deixado a avaliação de ser uma ferramenta para o professor procurar conhecer
onde deve investir mais o seu tempo, onde deve procurar novas estratégias, onde
deve reconsiderar a utilidade de determinados conteúdos, para o fardo, a cruz,
a (de)pressão continuada no aluno que, além das dezenas de regras novas, ideias
novas, conhecimentos novos, tem ainda de os debitar em folhas extensas de
testes e exames? Onde observamos, potenciamos e avaliamos afinal o currículo oculto
do aluno? As suas reais capacidades transversais, a sua criatividade, que os
tornam únicos no planeta? Não servem para a avaliação? Como não servem, se no
seu futuro serão mais-valias - talvez das mais importantes, quanto mais ricas
forem - para a vida na sociedade atual e no futuro?
Acreditamos
numa sociedade que deve exigir melhorias gerais nas aprendizagens dos seus
elementos, mas, como membros a tempo inteiro, pais, família, profissionais,
esquecemos que ainda somos nós próprios os grandes responsáveis pela boa ou má
formação do nosso futuro... quer por exigir que a avaliação seja cada vez mais
o centro do ensino, que há muito se fundamentou ser poucas vezes significado de
aprendizagem - salvo nas poucas exceções dos tão falados alunos à prova de professores
- quer por descredibilizar as possibilidades infinitas da descoberta que os
alunos podem fazer e desenvolver em todas as áreas do conhecimento. Por outro
lado hipervalorizam-se áreas, que a cada dia que passa estão mais
tecnocratizadas, "laboratorizadas", expondo o pior de si aos alunos,
como que para os castigar se forem menos trabalhadores.
Todos
sabemos, por exemplo, que a Matemática e a Língua Portuguesa requerem um
esforço cada vez mais acrescido do aluno ao longo da escolaridade. Ambas são uma
linguagem, ambas têm regras e símbolos complexos que devem ser iniciados pela
consciência do prazer que é descobrir símbolos, qual explorador em terras
longínquas, o sonho, o imaginário... ("quando o Homem sonha, o mundo pula
e avança...")
Mas alguém
"ensinou" às crianças o gozo que é aprender estas linguagens? Alguém
ensinou às crianças o giro que é aprender e saber cada vez mais? Ou
simplesmente lhes incutiu o medo de serem avaliadas e terem um "Não
Satisfaz" pelo qual serão severamente penalizados pelos pais e no futuro
por uma sociedade, pobre, como a temos visto? Será que a escola será somente
sinónimo maior de sangue, suor e lágrimas e todo o riso da criança se perca nas
linhas escritas de um teste?